Surdez congênita ou nos primeiros anos de vida

Uma vez diagnosticada a perda auditiva, a intervenção deve ser precoce. Se a surdez for neurossensorial, de grau leve a moderado, o uso de aparelhos de audição é indicado. Na presença de surdez sensorial de grau severo a profundo, o uso de aparelhos auditivos pode não ser suficiente para permitir um desenvolvimento da linguagem adequada. Nestes casos, após comprovação por exames e avaliação fonoaudiológica, o implante coclear é o tratamento indicado. Crianças com surdez severa ou profunda pré-lingual (ou seja, antes da aquisição da fala) devem ser implantadas idealmente até os dois anos de idade.
Entre as causas de surdez em crianças que são candidatas ao implante coclear, as de origem genética são as mais comuns, chegando a cerca de 50% dos casos, podendo ou não estar associadas a outras malformações. Em nosso meio, as causas infecciosas, principalmente meningite, têm grande importância.
Muitas crianças apresentam um conjunto de fatores que podem levar a surdez como prematuridade, internação prolongada em CTI com história de infecção e uso de antibióticos que lesam o ouvido interno.
As crianças devem passar previamente por habilitação com aparelho de amplificação sonora individual, ou seja, testar se terá resposta com aparelho auditivo por 3 a 6 meses. O ideal é que essas crianças tenham diagnóstico até 6 meses e sejam operadas por volta de 1 ano de idade.A idade da cirurgia na criança com surdez pré-lingual é um fator muito importante. Se durante os primeiros anos de vida ocorrer uma privação do estímulo auditivo, o cérebro se reorganiza de tal forma que não mais responderá aos estímulos sonoros de maneira adequada. Ou seja, em crianças mais velhas ou adultos que nunca escutaram, não desenvolveram a fala, não tem leitura orofacial, o implante coclear oferece estímulos ao cérebro que ele não reconhece como sons.
A implantação em uma idade precoce (12 a 18 meses) oferece às crianças os melhores resultados. Implante bilateral oferece uma localização melhor do som, bem como uma capacidade superior de compreender a fala em ambientes ruidosos do que implante coclear unilateral. Por isso é muito importante o diagnóstico precoce e a intervenção no momento correto. Assim, a partir de 1 ano, quanto mais cedo a criança for implantada, melhor e mais rápida será a sua resposta. Crianças implantadas na idade correta e com estímulo (familiar e fonoaudiológico) adequado, podem apresentar desenvolvimento normal, semelhante ao de uma criança com audição normal.