Surdez em Idosos: por que devemos nos preocupar?
A presbiacusia, perda auditiva relacionada ao processo de envelhecimento, é a causa mais comum de perda auditiva no mundo. É multifatorial e pode ocorrer em diversos graus. As alterações podem ocorrer em diversos locais da via auditiva, como cóclea (ouvido interno), nervo auditivo e no córtex cerebral. O mais comum é a perda neurossensorial pelo acometimento das células ciliadas da cóclea. Causa grande impacto na vida do idoso. Pode levar à dificuldade de compreensão, isolamento social e depressão.
Está relacionada à queda da cognição. Diversos estudos já mostraram que a perda auditiva no paciente idoso é um fator de risco independente para demência.
Trata-se de uma entidade cada vez mais frequente, uma vez que a população brasileira tem envelhecido cada vez mais, atingindo até 60% dos pacientes com mais de 70 anos de idade. No entanto, é ainda subdiagnosticada e até negada pelos pacientes. Em muitos casos, é acompanhada de zumbido que pode gerar grande incômodo.
Além do envelhecimento, outras alterações podem contribuir para a perda de audição como herança genética (a presbiacusia tende a aparecer mais cedo quando a história familiar é positiva), hipertensão arterial sistêmica, arteriosclerose, uso de medicamentos, tabagismo, exposição crônica a ruídos, alterações hormonais e metabólicas (como diabetes).
A reabilitação auditiva não deve ser postergada. Quanto mais precoce ela é feita, melhor se mantem o nervo auditivo e o cérebro estimulados. Portanto melhor também será o resultado. Estudos mostram que o tratamento precoce da perda auditiva em idosos pode postergar queda de cognição.
Existem possibilidades de tratamento para a perda auditiva e melhora da qualidade de vida. O diagnóstico deve ser o mais precoce, o que contribui para evitar queda de cognição.
Intervenções para melhora da audição são particularmente importantes em pacientes com demência. A baixa de audição pode contribuir para o declínio da cognição e exacerbar o quadro demencial.
A maioria dos idosos com presbiacusia se beneficiarão do uso de aparelhos auditivos. O seu uso adequado reduz o isolamento, depressão e impactos relacionados à baixa de audição. Avanços tecnológicos nos aparelhos de audição melhoraram o desempenho e a aceitação destes dispositivos. Muitas vezes é necessário “desfazer” impressões e experiências negativas anteriores. Além disso, a boa adaptação de aparelhos auditivos pode reduzir a percepção do zumbido, que é muito frequente nestes pacientes.
O implante coclear é uma opção em casos de surdez severa ou profunda sem resposta ao uso de aparelhos. Pode ser realizado de maneira segura mesmo em pacientes idosos. Deve se levar em consideração a habilidade de processamento dos sons e a presença de alterações da cognição. No entanto este grupo de pacientes pode se beneficiar de um ganho funcional significativo.