A vertigem posicional paroxística benigna é uma entidade largamente conhecida.
Descrita inicialmente em 1921, trata-se de vertigem desencadeada por mudança da orientação da cabeça no espaço. Paroxística porque passa por uma fase de intensidade máxima antes de recuar e tem como resultado a cura em prazo mais ou menos longo.
É a principal síndrome clinica causadora de vertigem, representado até 40% dos casos. É a causa mais comum de vertigem em idosos, com prevalência que varia entre 2,5 e 3%.
As formas sem causa definida representam a maioria dos casos. Das causas identificáveis o trauma craniano e a neurite vestibular (inflamação do nervo do labirinto) são as mais comuns.
É na grande maioria das vezes unilateral aumentando a incidência de bilateralidade nos casos de trauma.
Basicamente é causada pela presença de otocônias nos canais semicirculares (principalmente no canal posterior). As otocônias são cristais de cálcio que fazem parte da estrutura do labirinto e ficam em um local chamado vestíbulo, do qual fazem parte o sáculo e o utrículo. Estes cristais podem se soltar e migrar para os canais semicirculares. Uma vez no “lugar errado” levarão à estimulação inadequada do labirinto.
Na representação esquemática vemos sáculo e utrículo, as otoconias, e os canais para onde estas otocônias podem migrar.
O paciente vai se queixar de vertigem desencadeada por mudança de posição da cabeça, durando de poucos segundos a minutos, podendo se associar a náuseas e vômitos, sem sinais auditivos e neurológicos.
Virar na cama, se levantar da cama, olhar para cima (para uma estante ou varal) são movimentos que comumente desencadeiam vertigem.
Na avaliação da VPPB, a análise do nistagmo (movimentos involuntários do olhos), o conhecimento da sua direção, das suas características nos informam o tipo de VPPB que o paciente tem, qual o canal afetado.
Nessa figura podemos ver o acometimento do canal semicircular posterior. Qualquer mudança na posição da cabeça, que coloque em movimento esses cristais, pode provocar um estimulo transitório do canal causando vertigem.
A duração da vertigem é, em media, menor que 1 minuto.
Também por esta figura, podemos entender por que a migração para o canal posterior é a mais fácil e mais comum.
Para avaliar um paciente com suspeita de VPPB, é necessário dispor de algumas manobras, como nesta figura:
Se não tratada, a VPPB persiste em 30% dos pacientes. Pode apresentar recorrência, principalmente em idosos, chegando a 70% em 2 anos. A principal forma de tratamento é a realização de manobras que visam o retorno dos cristais de cálcio para o seu local de origem.
As principais manobras são a de Semont e Epley, que são efetivas e seguras no tratamento desta entidade.