Zumbido: um barulho fantasma. Porque ele acontece? Onde está o problema?

O zumbido é um som percebido apenas pelo paciente (na ausência de uma fonte sonora correspondente), que pode referir escuta-lo em um ouvido, nos dois ouvidos ou na cabeça. Não se trata de uma doença e sim de um sintoma que pode estar associado à diversas condições de saúde. Na grande maioria das vezes o problema está nas vias auditivas, podendo localizar-se no ouvido (externo, médio ou interno) ou mesmo no tronco ou cérebro. Está associado à perda auditva em cerca de 80 a 90% dos casos. Por outro lado, mais da metade dos pacientes com perda auditiva queixam-se de zumbido.  Entre 6 e 20% da população adulta relata zumbido crônico. E este percentual aumenta com a idade.

As principais causas relacionadas ao aparelho auditivo são a perda auditiva causada pelo envelhecimento e pela exposição ao ruído.

O paciente relata barulho de apito, cachoeira, cigarra, motor, panela de pressão, grilo, dentre outros.

Além da perda auditiva, outros sintomas comumente associado ao zumbido são a tontura, sensação de pressão no ouvido, e incomodo com sons altos.

Embora o zumbido possa ter um grande impacto na qualidade de vida, raramente está associado à doenças graves.

Além das causas relacionadas ao aparelho auditivo, alterações hormonais e metabólicas são as mais comuns. Dentre estas destacam-se as alterações no metabolismo dos carboidratos, que são muito frequentes em pacientes com zumbido.

Podemos lembrar ainda de disfunções da articulação temporo-mandibular,  causas psicológicas, cardiovasculares e uso de medicamentos, como AAS e anti inflamatórios. Na maioria dos pacientes há mais de um fator como causa.

Como vimos, o zumbido pode se manifestar de diferentes formas, estar associado a outros sintomas e ter as mais diversas causas. Portanto, a avaliação  do paciente com zumbido e seu tratamento deve se individualizado.

Devem ser pesquisados tempo de duração dos sintomas, suas características, uni ou bilateralidade, sintomas associados, fatores de melhora/piora, história prévia e familiar.

É obrigatória a investigação do sistema auditivo. À todo paciente será solicitada audiometria e impedanciometria (outros exames serão solicitados dependendo de cada caso). Investigação laboratorial também deve ser rotina (Ex: dosagem de alguns hormônios, glicose, vitaminas…). Tomografia computadorizada e Ressonância magnética também podem ser solicitados se o médico julgar necessário.

O zumbido gera grande preocupação em muitos pacientes. Existe medo em relação à uma doença grave (muitos pensam que tem alguma coisa na cabeça”), medo de não ter cura. Por isso é muito importante desmistifica-lo, esclarecer ao paciente sobre o seu zumbido, explicar sobre as causas e sua evolução.

O tratamento deve ser individualizado. Não existe um tratamento único e específico.

Se há causas identificáveis, estas devem ser tratadas. São exemplos desta intervenção remoção de cerume, cirurgia para otite crônica, para otosclerose, controle da glicose, dos hormônios da tireóide, reposição de vitaminas.

Se há perda de audição associada, a estimulação auditiva é parte muito importante do tratamento. Quanto mais precoce esta abordagem, melhores os resultados. Se a cirurgia não é possível ou desejável, a adaptação de um aparelho auditivo pode ter ótimos resultados.

Vários medicamentos vêm sendo utilizados no tratamento do zumbido, muitos sem comprovação científica. Em alguns casos possibilitam o alívio do zumbido. Novamente, a avaliação individualizada é essencial.

Outra opção de tratamento é a terapia sonora. Consiste na utilização de um som neutro, com intensidade menor que a do zumbido, com o objetivo de provocar uma “habituação” cerebral. O enriquecimento sonoro pode ser feito por aparelhos auditivos ou outras fontes sonoras (por exemplo CD com barulho de natureza). Esta terapia requer tempo mais prolongado para gerar resultados, mas tem se mostrado uma das mais efetivas no tratamento do zumbido.

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